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Adoção e doação: casal homossexual francês adota três irmãos, decide TJ-RJ

A minúscula cidade francesa de Cerisé, com pouco mais de 700 habitantes, vai ganhar em breve três brasileirinhos. Os irmãos William (10), Rodrigo (8) e Kauã (7) terão uma nova família, disposta a dar carinho, zelo e amor como qualquer outra. Os pais franceses – Descharles Olivier, 35 anos e Mathieu Guillaume, 32, adotaram os três meninos, que esbanjam alegria e desejo de serem felizes. A Comissão Estadual Judiciária de Adoção Internacional (Cejai), do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJRJ), articulou o processo de adoção. A sentença foi dada na quarta, dia 25. Nesta quinta-feira, dia 26, a nova família se reuniu na sede da Cejai.

A decisão de adotar sempre esteve presente na vida dos professores de escola primária, casados há sete anos. O contato com alunos e sobrinhos despertou nos dois o sonho de formar uma nova família. Preconceito? Descharles e Mathieu não escondem que existe. Mas, e daí?

“Somos uma família como qualquer outra. Damos amor, carinho, cuidado. Em que isso difere de um pai e uma mãe?”, questiona Mathieu, que afirma ter sido muito elogiado no Brasil por resolver adotar as três crianças.

“O Brasil é um país maravilhoso, com pessoas hospitaleiras. As pessoas que nos veem na rua com os meninos param para nos elogiar, nos dar parabéns. Afirmam que o importante é que três irmãos vão crescer juntos e ter uma nova família”, completa.

Outro ponto importante é que o organismo internacional que representou o casal não exibe fotos das crianças que estão à espera da adoção para que os candidatos a pais não façam uma seleção. “Não queríamos um catálogo, não queríamos escolher nossos filhos pela foto deles. Não nos importava a cor, a aparência. Queríamos encontrar quem pudéssemos fazer feliz”, explica Mathieu.

O convívio entre o casal e os três filhos completou um mês nesta quinta. Nesse intervalo, já é possível apontar traços bem peculiares de cada um dos meninos.

“William é caprichoso e, por ser o mais velho, se sente responsável pelos irmãos; Rodrigo é mais impulsivo, mas tem demonstrado enorme confiança na gente. E Kauã é um bebezão. Carinhoso, acolhedor”, conta Descharles.

A rotina também mudou. E muito. Por estarem há pouco tempo no Brasil, Descharles e Mathieu ainda estão se adaptando ao país, que não se cansam de elogiar. Mas cuidar dos três é tarefa que exige disposição. “Eles correm, brincam o tempo todo, ficamos muito cansados ao fim do dia. Mas é essa a vida que nós sonhamos. Estamos muito felizes”, diz Mathieu.

Felizes os pais; felizes os filhos. William já se orgulha em chamar o casal de Pai Descharles e Pai Mathieu. Rodrigo conta que ainda não conhece o Olympique de Marseille, time de futebol de Descharles, e diz que continuará torcendo pro Flamengo. E Kauã, o mais novo, é só beijo nas bochechas dos papais.

Como funciona a adoção internacional

A adoção de crianças brasileiras por estrangeiros segue um rigoroso processo para a segurança dos pequenos. Em primeiro lugar, crianças brasileiras só são adotadas por famílias do exterior depois que todas as possibilidades de adoção aqui se esgotam. Dessa forma, a maior parte dos casos de adoção ocorre com irmãos, crianças mais velhas ou pré-adolescentes.

Para adotarem crianças daqui, é preciso que os países habilitem seus cidadãos a serem pais adotivos. Cada nação segue uma legislação própria: na Itália, a adoção de casais homossexuais e por monoparentais (um só adotante) não é permitida, e o casal hétero precisa ter a certidão de casamento. França e Espanha têm uma legislação mais flexível. O TJRJ mantém convênio com organismos internacionais dos três países, que apresentam candidatos à adoção. Relatórios são produzidos pela Cejai com um perfil de cada criança, que serão avaliados pelos futuros pais.