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Clipping – G1 – Cartórios no RJ registram quase o dobro das mortes por Covid do que estatísticas oficiais, diz estudo

Um estudo feito por pesquisadores da USP e da Fiocruz mostra que o número de mortes por coronavírus no estado do Rio – 2 mil até esta quarta-feira (13) – pode ser maior do que o divulgado nas estatísticas oficiais.

RJ tem mais de 2 mil mortes e 18 mil casos

Até o dia 29 de abril, o boletim oficial registrava 794 mortes no estado do Rio. No mesmo dia, os cartórios já registravam 1.550 mortes pela doença — quase o dobro.

Os cartórios registravam ainda 4.249 mortes por síndrome respiratória aguda grave (SRAG), insuficiência respiratória e pneumonia. Todos eles são sintomas da Covid-19 que não entram nos boletins oficiais.

A pesquisa foi feita por Domingo Alves, professor de medicina, e Margareth Dalcomo, pesquisadora.

Especificamente no município, a notificação de mortes registradas em cartórios foi mais do que o dobro. Até aquele dia, foram 1.131 contra as 496 “oficiais”. Sem contar 2.042 mortes por causas respiratórias.

“Existe dois tipos de discrepância: o registro de óbito demora um tempo muito maior até que o próprio óbito e também eles acabam tendo notificações por não darem conta desses dados. Por exemplo, fazer isso que a gente faz aqui, monitorar o portal dos cartórios, isso seria bastante útil por exemplo se os gestores municipais tivessem na mão os dados que tem saído dos cartórios, inclusive pra saber porque esse valor a mais nos cartórios do que tem sido produzido nos boletins”, diz Alves.

Mortes no RJ podem ser mais de 4 mil

Um levantamento feito pelo Jornal Nacional, com dados do Portal da Transparência do Registros Civil entre 16 de março e 13 de maio, mostra que os registros de mortes por causas indeterminadas ligadas a doenças respiratórios dispararam no estado em comparação com o ano passado. O aumento foi de 5.542%, de 7 casos para 395.

Os registros de síndrome respiratória aguda grave (SRAG) cresceram 3.057%, de 19 para 600.

As informações dos cartórios ainda trazem outro registro da subnotificação. Segundo a Secretaria de Estado de Saúde, o RJ tinha 2.050 mortes pelo novo coronavírus até esta quarta. Mas, quando somadas as mortes confirmadas e suspeitas por Covid-19 nos cartórios, o número de vitimas chega a 4.266.

Despedida restrita, mesmo sem diagnóstico

A subnotificação provoca uma angústia a mais para quem perdeu parentes. Mesmo sem a certeza da causa da morte, os familiares precisam seguir os protocolos para velórios e enterros.

“É triste demais, gente, muito triste. Não pode se despedir, não poder dar um abraço, não poder dar um beijo. Nossa senhora. Misericórdia”, diz a médica Taiz Mara Santos.

Taiz perdeu o tio, Altair Álvaro da Silva, de 75 anos. Ela tem certeza que ele tinha Covid, mas oficialmente a causa da morte foi sepse pulmonar. “Ele era extrovertido, ele era muito humano, muito amigo, muito carinhoso. Assim, vai deixar muita saudade.”

Falta de testes

Parentes de mortos com sintomas da Covid-19 mas sem o diagnóstico reclamam da falta de testes. Em muitos casos, há uma certeza da infecção, inclusive de médicos. Mas sem o exame, a causa da morte no atestado de óbito é outra.

Foi o que aconteceu com Dona Josefa, de 87 anos, avó da recepcionista Daiana Alves.

“Ela não tinha paladar, não tinha olfato, fraqueza, febre. Aí ela ficou pior porque deu falta de ar. Não tinha como ser outra coisa (…) Causa indeterminada. Acho que eles não testaram”, diz.