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?Falha? em sistema facilita fraude

Uma brecha no sistema de identificação da Secretaria de Segurança Pública (SSP) para emissão de documentos facilitou a atuação de uma dupla apontada pela Polícia Civil (PC) como de estelionatários. Os advogados Alan Alves Ribeiro, 36, e Alex Alves, 37, são suspeitos de aplicar vários golpes financeiros utilizando documentos falsos. O volume movimentado é de aproximadamente R$ 6 milhões.
A dupla de irmãos apresentava certidões de nascimento e casamento para gerar novos documentos, sem mencionar que já possuíam Carteira de Identidade (CI). Como o atual sistema de identificação do Estado não tem como conferir se a digital já está relacionada a um documento, eles tinham sucesso nas falsificações. Segundo a titular da Delegacia Estadual de Investigações Criminais (Deic), Mayana Rezende, para conseguir mais certidões eles forjavam casamentos.
A Polícia Civil (PC) descobriu que cada um deles se casou pelo menos três vezes. Das três uniões de Alex, apenas uma é tida como verdadeira pela delegada. Nesta ele adquiriu o sobrenome Ribeiro. As mulheres que “forjavam” os casamentos com os suspeitos também têm passagens por uso de documento falso, inclusive serão ouvidas e podem ser indiciadas.
Com os documentos das uniões, que alteravam o nome dos mesmos, eles emitiam os documentos a serem utilizados nos crimes. A dupla também fazia uso de certidões de nascimento falsas. “Através de uma certidão de casamento ou nascimento falsa, eles apresentavam (as certidões) ao instituto de identificação, que não tem condições de checar a autenticidade de todas elas, e partir daí eles conseguiam emitir novos RG’s falsos e, por sua vez, viabilizavam a emissão de outros CPF’s”, explica a delegada.

FALHA
Alex possui 8 RG’s e 15 CPF’s falsos e Alan tem 10 RG’s e 15 CPF’s falsos. “Eles perceberam a falha no sistema. A partir do momento que eles conseguem um RG falso, um CPF falso, conseguem abrir uma conta bancária, que por sua vez viabiliza um cartão bancário, um talonário de cheque, aí a possibilidade de aplicar fraudes junto a empresas privadas e pessoas físicas são infinitas”, detalha a delegada. Os principais golpes cometidos pela dupla eram: obtenção de financiamentos junto a instituições financeiras, abertura de contas bancárias, abertura de empresas, bem como em transações comerciais direcionadas a causar prejuízos a terceiros de boa-fé, somando até o momento R$ 6 milhões. De acordo com a PC, os veículos financiados com documentos falsos eram utilizados por determinado tempo pela dupla e depois vendidos a terceiros, gerando fonte de renda para os mesmos.
Os dois advogados são registrados na Ordem dos Advogados do Brasil Seção Goiás (OAB-GO), inclusive mantinham um escritório de advocacia que funcionava na Vila Brasília, em Aparecida de Goiânia, onde prestavam serviço em vários ramos do Direito.

Polícia não constata ostentação dos suspeitos

Todo volume adquirido pelos suspeitos é proveniente de 17 anos de atuação. Apesar do elevado valor obtido com as práticas, eles não ostentavam carros caros ou outros artigos de luxo. As casas, apartamentos e terrenos que eles possuem não são de elevado valor financeiro.
As investigações começaram há oito meses, quando a PC descobriu que um documento falso utilizado por uma criminosa acusada em outro processo havia sido confeccionado por Alex.
Os irmãos, que já têm passagens na polícia por crimes semelhantes, devem ser indiciados por falsidade ideológica, associação para o crime, estelionato e falsificação de documento público.
O sistema que poderia dificultar ou impedir a prática de fraudes como esta foi licitado e contratado pelo Estado de Goiás, mas foi suspenso por uma liminar da juíza Suelenita Soares Correia, da 2ª Vara da Fazenda Pública Estadual, no início de fevereiro deste ano por suspeita de direcionamento e superfaturamento.