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Pandemia no Brasil já deixou quase 41 mil crianças órfãs

Estudo aponta para a necessidade de políticas públicas de acolhimento desses menores de idade, incluindo aporte psicológico

 

Um estudo revelou em números mais um dos impactos da pandemia no Brasil. A crise sanitária instalada em 2020 fez com que 40.830 crianças perdessem o pai, a mãe ou ambos. A estatística assustadora foi apresentada em uma pesquisa da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) divulgada pelo Observatório de Saúde na Infância (Observa Infância).

 

O trabalho científico mostra os impactos socioeconômicos da situação e mostra a necessidade de implementação de políticas públicas de acolhimento dessas crianças e novas famílias, sejam as de sangue ou por afinidade. Os pesquisadores salientam que as crianças órfãs são mais vulneráveis a problemas emocionais e comportamentais, por isso a importância de atenuar as consequências psicológicas da orfandade.

 

“A pesquisa mostra que a Covid-19 foi responsável por um terço de todas as mortes relacionadas a complicações no parto e no nascimento entre mulheres jovens, o que representa um aumento de 37% nas taxas de mortalidade materna no Brasil, em relação a 2019, quando ela já era alta. A cada mil bebês nascidos vivos, uma mãe morreu no Brasil durante os dois primeiros anos da pandemia”, diz Cristiano.

 

Para os cientistas, o cenário epidemiológico brasileiro se assentou em alguns pilares. O aparecimento de variantes mais transmissíveis, a ausência de testagem em massa, a obrigatoriedade de exame apenas para pessoas com sintomas graves, a falta de unidade no gerenciamento da pandemia somados à demora na aquisição de vacinas contribuíram para tantas mortes de mães e pais em todo o País.

 

Consequências

 

Durante a pandemia, as mortes de gestantes por Covid gerou ainda mais pedidos por licença-paternidade remunerada e a maior demanda por solicitações de pensão por morte ao INSS. Há dois anos, no pico da infecção, foram mais de 400 mil viúvas, viúvos ou órfãos, de acordo com a Arpen-Brasil.  Uma outra vertente desse cenário é o aumento de crianças nascidas em Goiânia sem o nome do pai na certidão de nascimento, segundo o Portal da Transparência do Registro Civil mantido pela Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen). 

 

Há pais que faleceram antes e as pessoas não tiveram a compreensão e o entendimento de que podem fazer constar“, detalha o defensor público-geral do estado de Goiás e  coordenador nacional da campanha Meu Pai Tem Nome, Domilson Júnior, em entrevista à Agência Brasil.

 

Infraestrutura em Goiânia

 

Em Goiânia, há apenas três casas de acolhimento para pessoas nessa condição, enquanto no estado não se sabe quantas resistiram abertas enfrentando as dificuldades econômicas da pandemia, segundo a juíza Célia Lara. O espaço recebe menores sem as famílias biológicas até que algum parente ou família substituta recebam autorização judicial para receber a criança ou adolescente. É uma espécie de etapa antes da tentativa de devolver a eles um lar e os seus componentes – amor, carinho, afeto e conforto. 

 

O fluxo oportuniza assegurar direitos dos pequenos e um futuro melhor para eles, que construirão o futuro da sociedade. A quantidade de adoções triplicou entre 2020 e abril deste ano, saltando de 17 para 62, de acordo com o Sistema Nacional de Adoção, do Conselho Nacional de Justiça (SNA-CNJ). O número, no entanto, poderia ser maior se a lista de espera de interessados não viesse abarrotada de exigência sobre cor, idade e outras características bastante específicas, como o candidato não ter irmãos. A escolha da raça, por exemplo, pode ser extinta pelo CNJ, que avalia a possibilidade.

 

Fonte: Diário do Estado GO