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TJ/RJ: Programa de Apadrinhamento constrói laços afetivos com crianças abrigadas em Nova Friburgo

Há um ano, quando assumiu como titular da Vara da Infância, da Juventude e do Idoso de Nova Friburgo, na Região Serrana do Rio, a juíza Adriana Valentim se mostrou preocupada com a situação de desamparo e abandono de crianças em lares acolhedores da cidade. Fora do padrão mais procurado para adoção, crianças e jovens de 8 a 17 anos passam anos em abrigos, à espera de carinho e atenção paternos.

Como forma de buscar suprir, dentro do possível, as necessidades destas crianças, a juíza publicou uma portaria ano passado implementando o Programa de Apadrinhamento, projeto oficial do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJRJ). A iniciativa propicia a oportunidade de construir laços afetivos e materiais com “padrinhos” e “madrinhas”, pessoas da sociedade civil que tenham interesse em ajudar as crianças.

“Acredito que esse seja um exercício, um dever da sociedade em relação às crianças. Cada um de nós pode fazer um pouco para dar carinho e amor para essas crianças. O programa traz a sensibilidade e provoca uma reflexão sobre a situação das crianças”, avaliou a magistrada.

De acordo com a juíza Adriana, a fragilidade de redes de assistência social e a crise financeira do Estado do Rio, que agravou a escassez de recursos destinados a abrigos e instituições, como a Casa de Acolhimento Vila Sorriso (Cavis), no bairro do Mury, são alguns dos maiores desafios da Vara da Infância em Nova Friburgo.

“A infância deve ter absoluta prioridade de recursos públicos. O Judiciário não pode tomar certas atitudes, devido ao princípio de separação dos poderes, mas podemos ajudar elaborando programas como o Apadrinhamento”, afirmou. 

Uma das preocupações da Vara da Infância da cidade serrana é o tempo de permanência das crianças nos abrigos, privando-as do convívio social. Como forma de divulgar o projeto e estender a rede de atendimento, a juíza Adriana criou o blog Apadrinhar Nova Friburgo a fim sensibilizar a população local.

“As crianças devem ter referências e ajuda para se tornarem maduras e autônomas. Nossa preocupação é com o futuro delas, em desenvolvê-las”, disse.

São três modalidades de apadrinhamento: o padrinho afetivo, que faz visitas aos abrigos e leva as crianças para passear nos fins de semana e feriados, possibilitando convivência familiar e social; padrinho provedor, que dá suporte material e financeiro ao afilhado; e o padrinho prestador de serviços, que atende às necessidades institucionais dos abrigos de acordo com sua especialidade de trabalho.

Os interessados no apadrinhamento afetivo, provedor e no prestador de serviços precisam apresentar ficha de inscrição e documentos exigidos e participar de oficinas e reuniões com a equipe do Projeto. Para o padrinho afetivo também é necessário ter 16 anos de diferença para o afilhado e disponibilidade de tempo para se dedicar à criança.

Idealizado pelo juiz Sérgio Luiz Ribeiro de Souza, titular da 4ª Vara da Infância, da Juventude e do Idoso, o Programa de Apadrinhamento foi o vencedor do XXI Prêmio Innovare, em 2015. As fichas de inscrição para padrinho e a cartilha com informações e dúvidas sobre a iniciativa podem ser encontradas no Portal da Infância e da Juventude do TJRJ: http://infanciaejuventude.tjrj.jus.br/informacoes/apadrinhamento.html .