265 certidões de nascimento emitidas entre os dias 9 e 11 de maio. Este foi o saldo do projeto “Irpen na Comunidade”, promovido entre o Instituto do Registro Civil das Pessoas Naturais do Estado do Paraná (Irpen-PR) em parceria com o Fundo de Apoio ao Registro Civil das Pessoas Naturais do Estado do Paraná (Funarpen), na comunidade indígena de Queimadas, povoada pelos índios Kaingang. A aldeia pertence ao município de Ortigueira, localizado há cerca de 300 quilômetros de Curitiba.
Durante os três dias, o refeitório da escola da aldeia, a Escola Estadual Indígena Cacique Crispim Gy Mú, se transformou em um cartório, e funcionários dos institutos e do cartório trabalharam em conjunto para atender a população da aldeia, emitindo certidões de nascimento com base nas informações do Registro Administrativos de Nascimento de Indígena (RANI), instituído pelo Estatuto do Índio, Lei nº 6.001 de 19 de dezembro de 1973.
Uma ponte. Assim definiu o objetivo da iniciativa o presidente do Irpen e da Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-Brasil), Arion Toledo Cavalheiro Junior. “O principal foco do projeto é fazer uma ponte entre o cartório e a comunidade, pois pensamos na dificuldade de acesso que as pessoas têm para chegar até o centro da cidade, e consequentemente até a serventia. Então trouxemos, em parceria com o cartório local, toda a estrutura necessária para atender esta população”, disse.
A ação foi feita em parceria com o Cartório de Registro Civil e Anexos de Ortigueira, administrado pelo oficial Álvaro Sady de Brito, que falou sobre a integração com o indígena. “Integrar o índio a toda a comunidade. Este foi o nosso objetivo ao realizar esta iniciativa, e que graças a ajuda do Irpen e do Funarpen estamos efetivando”, declarou.
Morando há 30 anos na comunidade e hoje cacique eleito pelo povo local, Devanil Kreil Vay Lourenço, viu com bons olhos a iniciativa do Irpen e do Funarpen em levar o cartório até a aldeia. “Gostei muito da iniciativa de vocês (Irpen e Funarpen) em trazer o cartório para cá, pois tem muita gente aqui que trabalha o dia inteiro aqui na lavoura e não tem tempo de ir até a cidade pra resolver este tipo de coisa, então isto que fizeram nos ajudou muito”, afirmou o líder.
Sobre a tribo Kaingang em Ortigueira
Ocupando uma área de 1400 hectares, a comunidade indígena de Queimadas, ocupada pelos índios Kaingang, vive há mais de cinco décadas no local, tendo sua população crescido exponencialmente junto com o crescimento da cidade. Seu nome, Kaingang, significa “morador do mato”, sendo kaa (mato) e ingang (morador). A aldeia de Queimadas possui atualmente cerca de 700 habitantes, e sua subsistência consiste em comercializar tudo o que plantam em suas terras, como: feijão, milho, abóbora, mandioca, batata-doce e pinhão.